Conheça e aliste-se já!
domingo, 27 de dezembro de 2015
quinta-feira, 24 de dezembro de 2015
Meditação para as vésperas de Natal
1. Dulcíssimo Menino Jesus, que descestes do seio
de Vosso Pai para nos salvar, fostes concebido do Espírito Santo, sem Vos
causar horror o seio duma Virgem, e assumistes, Verbo feito carne, a forma de
servo, tende compaixão de nós,
R. Meu Jesus,
nascei no meu coração!
2. Dulcíssimo Menino Jesus, que por meio da Santa
Virgem, Vossa Mãe, visitastes a Santa Isabel, enchestes do Espírito Santo o
Vosso precursor, João Batista, e o santificastes no seio de sua mãe, tende
compaixão de nós,
3. Dulcíssimo Menino Jesus, que, tão ardentemente
desejado por Maria e São José antes do Vosso nascimento, Vos oferecestes como
Vítima a Deus Vosso Pai, para a salvação do mundo, tende compaixão de nós.
4. Dulcíssimo Menino Jesus, nascido da Virgem
Maria em Belém, envolto em panos, deitado numa manjedoura, anunciado pelos
Anjos e visitado pelos pastores, tende compaixão de nós,
5. Dulcíssimo Menino Jesus, que, circuncidado ao
oitavo dia depois do Vosso Nascimento, recebestes o nome de Jesus, e Vos
mostrastes desde então Salvador nosso, tanto por este Nome glorioso, quanto
pela efusão de Vosso Sangue, tende compaixão de nós,
6. Dulcíssimo Menino Jesus, que, revelado aos
três Magos por uma estrela, recebestes nos braços de Vossa Mãe as suas
adorações e presentes misteriosos, o ouro, o incenso e a mirra, tende compaixão
de nós,
7. Dulcíssimo Menino Jesus, apresentado no Templo
pela Santa Virgem, Vossa Mãe, recebido nos braços do santo velho Simeão, e
revelado a Israel pela profetisa Ana, tende compaixão de nós,
8. Dulcíssimo Menino Jesus, perseguido para a
morte pelo iníquo Herodes, transportado ao Egito por São José e Vossa Mãe,
escapo por este meio à cruel matança dos inocentes, e glorificado pelo seu
martírio, tende compaixão de nós,
9. Dulcíssimo Menino Jesus, que, desterrado para
o Egito com a Vossa Mãe Santíssima, a Virgem Maria, e o patriarca São José, aí
ficastes até a morte de Herodes, tende compaixão de nós,
10. Dulcíssimo
Menino Jesus, que, tornado do Egito para a terra de Israel, com Maria e José,
depois de ter sofrido muito nesta viagem, vivestes oculto na cidade de Nazaré,
tende compaixão de nós,
11. Dulcíssimo
Menino Jesus, que morastes na santa casa de Nazaré, humildemente submisso a
Maria e José, vivendo no seio da pobreza e trabalhos, crescendo em idade,
sabedoria e graça, tende compaixão de nós,
12.
Dulcíssimo
Menino Jesus, perdido na cidade de Jerusalém na idade de doze anos, procurado
com dor por Maria e José e, três dias depois, encontrado por Eles com alegria
entre os doutores, tende compaixão de nós,
V. O Verbo se fez carne. R. E habitou entre
nós.
Oremos. – Deus onipotente e eterno, Senhor do
céu e da terra, que vos revelais aos humildes, fazei, nós vos pedimos, que meditando
e honrando dignamente os mistérios da santa infância de Jesus, vosso Filho, e
nos aplicando a imitar as suas virtudes, como é o nosso dever, possamos chegar
ao reino dos céus prometido aos humildes. Pelo mesmo Jesus Cristo, Nosso
Senhor. Assim seja.

Um abençoado e feliz Natal!
Ao Rei eterno, imortal e invisível, que hoje se mostra envolto em
faixas, tão encantador, nos braços santíssimos de sua Mãe, sob a guarda
paternal de São José, toda honra e toda glória, pelos séculos dos
séculos, amém.
Ó Menino Adorável, que acabais de nascer em meio ao frio a chorar,
nós vos adoramos, Deus onipotente!
Ó Menino Adorável, que agora repousais nos braços imaculados de tão digna Mãe, nós vos adoramos, Deus onipotente!
Ó Menino Adorável, que neste regaço repousa tranquilo, nós vos adoramos, Deus onipotente!
Ó Menino Adorável, que tranquilo descansa sob a guarda paternal de São
José, Pai que escolhestes, nós vos adoramos, Deus onipotente!
domingo, 20 de dezembro de 2015
Os benefícios de rezar pelas Almas do Purgatório
REQUIEM AETERNAM DONA EIS, DOMINE;
ET LUX PERPETUA LUCEAT EIS.
REQUIESCANT IN PACE. AMEN
Existência do Purgatório
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O Concílio de Florença reafirmava o que dois outros Concílios antes dele haviam dito: os Concílios Ecumênicos de Lião I[1] e II[2], em 1245 e 1274, respectivamente. O mesmo foi reafirmado, depois, pelo Concílio de Trento[3] (de 1545 a 1563)[4].
“Aqueles
que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não são perfeitamente
purificados, embora estejam certos de sua salvação, são, contudo,
submetidos, após a morte, a uma purificação, com o fim de obter a
santidade necessária para entrar na alegria do Céu” (C.I.C. 1.030).

S. Pedro Damião, em uma visão, contempla a Virgem que caminha entre as Almas do Purgatório para consolá-las e levá-las ao Céu[5].

A
Tradição da Igreja confirma com certeza a verdade do Purgatório: os
Cristãos dos primeiros séculos, sobre as pedras tumulares, nas
catacumbas, esculpiram muitas invocações a Deus para implorar refrigério
que apressasse a seus defuntos a entrada no Céu.
Os grandes Padres e Doutores da Igreja: S. Agostinho, S. Jerônimo, S. João Crisóstomo, S. Efrém da Síria, S. Cipriano etc., falam claramente do Purgatório.

Quanto se sofre no Purgatório?
“Cada
mínima pena do Purgatório é mais grave do que a máxima pena do mundo.
Tanto difere a pena do fogo do Purgatório do nosso quanto o nosso fogo
difere daquele pintado” (S. Tomás).
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Gregório Magno fala
daqueles que depois da vida “expiarão suas faltas por chamas
purgatoriais”, e acrescenta “ser a dor mais intolerável que qualquer
outra sofrível nesta vida” (Ps. 3 poenit., n. 1).
Seguindo
os passos de São Gregório, São Tomás ensina que, junto da separação da
alma da vista de Deus, há a outra pena, pelo fogo. “Una
poena damni, in quantum scilicet retardantur a divina visione; alia
sensus secundum quod ab igne punientur” (IV, dist. XXI, q. i, a.1).
E
S. Boaventura não só concorda com S. Tomás, como acrescenta que esta
pena pelo fogo é mais severa que qualquer pena que possa ser dada pelos
homens nesta vida; “Gravior est omni temporali poena, quam modo sustinet
anima carni conjuncta” (IV, dist. XX, p. 1, a. 1, q. II). Como este
fogo afeta as almas dos falecidos, os Doutores não sabem, e em tais
matérias vale a exortação do Concílio de Trento, que manda serem
“excluídas das pregações populares à gente simples as questões difíceis e
sutis e as que não edificam nem aumentam a piedade” (Sess. XXV, “De
Purgatorio”).
Melhor o Purgatório daqui que o de lá

Quantos vão ao Paraiso logo após a morte?
“Depois
da morte, são raras as almas que vão diretamente ao Paraiso; a multidão
das outras que morrem na graça de Deus devem ser purificadas pelas
penas acérrimas do Purgatório” (S. Roberto Bellarmino)
No Purgatório há também alegria?
“Não
creio que, depois da felicidade dos Santos que gozam na glória, haja
uma alegria similar àquela das almas purgantes. É certo que estas almas
conciliam duas coisas em aparência irredutíveis: gozam
de uma alegria suma e, ao mesmo tempo, sofrem inúmeros tormentos, sem
que as duas coisas tão opostas se excluam e se destruam uma à outra” (S. Catarina de Gênova[7]).

1) Confirmação na graça;
2) Certeza da salvação;
3) Amor de Deus;
4) Visita dos anjos;
5) Visita dos santos;
6) Visita de Nossa Senhora.
As almas do Purgatorio nos ajudam?

“Quando quero obter alguma graça de Deus recorro às almas do Purgatório e sinto que sou atendida por causa de sua intercessão” (S. Catarina de Bolonha[9]).
“Caminhando
pela rua, no tempo livre, rezo sempre pelas Almas do Purgatório. Estas
santas Almas com sua intercessão me salvaram de tantos perigos da alma e
do corpo” (S. Leonardo de Porto Maurício[10]).
“Nunca
pedi graças às Almas purgantes sem ser atendida, pelo contrário,
aquelas que não pude obter dos espíritos celestes as obtive pela
intercessão das Almas do Purgatório” (S. Catarina de Genova).
“Todos
os dias ouço a Santa Missa pelas almas do Purgatório: a este piedoso
costume eu devo tantas graças que continuamente recebo para mim e para
meus amigos” (S. Contardo Ferrini).


Os nossos sufrágios

S.
Agostinho diz que as "orações e esmolas dos fiéis, o Santo Sacrifício
do altar ajudam os fiéis falecidos e move o Senhor a tratá-los em
misericórdia e bondade", e, acrescenta, "esta é a prática da Igreja
universal herdada dos Padres" (Serm. CLXII, n. 2).
Se
nossas obras de satisfação realizadas em favor dos mortos são aceitas
simplesmente pela benevolência e misericórdia de Deus, ou se Deus se
obriga em justiça a aceitar a nossa reparação no lugar delas, não é uma
questão respondida.
O Pe. Francisco Suárez, S.J. pensa
que a aceitação é pela justiça e afirma ser prática comum da Igreja que
reúne os vivos e mortos sem discriminação (De poenit., disp. XLVIII, 6,
n. 4).
Os meios principais com que podemos socorrer e libertar as Almas do Purgatório são:
1) a oração e a esmola;
2) a Santa Missa e a Santa Comunhão;
3) as indulgências e as boas obras;
4) o ato heroico de caridade.
Indulgências:O Concílio de Trento (Sess. XXV) definiu que as indulgências são "muito salutares para o povo Cristão" e que "se deve manter o seu uso na Igreja".
É o ensinamento comum dos teólogos Católicos que:1. Indulgências são aplicáveis às almas do purgatório[12].2. Indulgências estão disponíveis para elas "em forma de sufrágio" (per modum suffragii)[13].Condições para que uma indulgência aproveite para os que estão no purgatório, várias condições são necessárias:1. A indulgência deve ser estabelecida pelo papa.2. Deve haver razão suficiente para se dar a indulgência, e esta razão deve ser algo referente à glória de Deus e o bem da Igreja, não meramente o proveito que resulta às almas no purgatório.3. A obra piedosa deve ser como no caso das indulgências para os vivos.Se o estado de graça não estiver entre os requisitos, em todo caso a pessoa pode lucrar a indulgência para os falecidos, ainda que ele não esteja na amizade com Deus (S. Belarmino, loc. cit., p. 139). Pe. Francisco Suárez (De Poenit., disp. IIII, s. 4, n. 5 and 6) deixa isso bem claro quando diz: "Status gratiæ solum requiritur ad tollendum obicem indulgentiæ" (o estado de graça só se requer para remover algum impedimento da alma), e no caso das santas almas não pode haver impedimento. Este ensinamento está ligado à doutrina da Comunhão dos Santos, e os monumentos das catacumbas representam os santos e mártires como que intercedendo a Deus pelos mortos. Também as orações das antigas liturgias falam de Maria e dos santos intercedendo pelos que passaram desta vida. Agostinho acredita que um enterro numa basílica cujo titular seja um santo mártir é de valor para o falecido, pois os que ali celebram a memória daquele que sofrem, recomendarão orações ao mártir por aquele que passou desta vida (S. Belarmino, lib. II, XV). No mesmo lugar Belarmino acusa Dominicus A Soto de imprudência por ter negado esta doutrina.
1) as penas do Purgatório são mais acrimoniosas do que todas as penas desta vida;
2) as penas do Purgatório são longuíssimas;
3) as Almas purgantes não podem ajudar a si mesmas, somente nós podemos sufragá-las;
4) as Almas do Purgatório são muitíssimas, permanecem lá longuissimamente, sofrem penas inumeráveis, (S. Roberto Belarmino).
“A
devoção pelas Almas purgantes é a melhor escola de vida cristã: nos
leva às obras de misericórdia, nos ensina a oração, nos faz ouvir a
Santa Missa, nos habitua à meditação e à penitência, nos impele a fazer
boas obras e a dar esmola, nos faz evitar o pecado mortal e temer o
pecado venial, causa única da permanência das Almas do Purgatório” (São Leonardo de Porto Maurício).

A Santa Missa pelos defuntos
“Pelos
vossos defuntos, para demonstrar-lhes vosso amor, não ofereçais apenas
violetas, mas sobretudo orações; não cuidais apenas das pompas fúnebres,
mas sufragai-os com esmolas, indulgências e obras de caridade; não vos
preocupeis apenas com a construção de tumbas suntuosas, mas
especialmente com a celebração do Santo Sacrifício da Missa. As
manifestações externas são um alívio para vós, as obras espirituais são
um sufrágio para eles, por eles esperado e desejado” (S. João
Crisóstomo).
“É
certo que nada é mais eficaz pelo sufrágio e a libertação das Almas do
fogo do Purgatório do que a oferta a Deus, por elas, do Sacrifício da
Missa” (S. Roberto Belarmino).

“Reza
sempre à Santa Virgem pelas Almas do Purgatório. A Virgem recebe a tua
oração para leva-la ao trono de Deus e livrar logo as Almas pelas quais
você suplica” (S. Leonardo de Porto Maurício).
Advertências aos vivos

Nosso Senhor Jesus Cristo apareceu a S. Gertrudes em
seu leito de morte e lhe disse: “Coragem e confiança. Logo estarás no
Céu. Eis a multidão de Almas que tu libertaste do Purgatório: vem-te ao
encontro, com cantos exultantes para te acompanhar ao prêmio eterno no
Paraíso” (Vida de S. Gertrudes).
Ato heroico de caridade

1) um aumento de glória para o Céu;
2) um aumento de graça para o presente;
3) uma redução das penas devidas pelas culpas passadas que devem ser expiadas na Terra o no Purgatório.
Aos
dois primeiros méritos não se pode renunciar, são inalienáveis; ao
terceiro, pelo contrário, se pode renunciar e pode ser aplicado às
santas Almas do Purgatório: este ato pessoal constitui o Ato heroico de
caridade, que consiste em “fazer à
Majestade divina, em benefício das Almas do Purgatório, a oferta de
todas as próprias obras satisfatórias durante a vida e de todos os
sufrágios que podem nos ser aplicados depois da nossa morte”.

O Ato heroico foi aprovado pelo Sumo Pontífice Gregório XV, quando, com suaBula Pastoris Aeterni (italiano), aprovou o “Instituto do Consórcio dos Irmãos”, fundado pelo Venerável Pe. Domenico de Jesus Maria (1559-1630),
Carmelita Descalço, na qual, entre os outros piedosos exercícios em
prol dos defuntos, consta o de oferecer e consagrar em sufrágio deles a
parte satisfatória das próprias obras.

I. Os Sacerdotes que fizeram dita oferta poderão gozar, todos os dias, o indulto do altar privilegiado pessoal.
Todos os fiéis que fizeram a mesma oferta poderão lucrar:
II.
Indulgência Plenária aplicável somente aos Defuntos em qualquer dia
façam a Santa Comunhão, contanto que visitem uma Igreja ou um público
Oratório e lá rezem por algum tempo, segundo a intenção do Sumo
Pontífice.
III.
Da mesma forma, poderão lucrar Indulgência Plenária todas as
segundas-feiras, assistindo à Santa Missa em sufrágio das Almas do
Purgatório, e cumprindo as outras condições supramencionadas.

Finalmente, o mesmo Papa Pio IX, em 20 de novembro de 1854, tendo em vista aqueles jovens que ainda não comungam e também os enfermos, os crônicos, os velhos, os camponeses, os encarcerados e outras pessoas que não podem comungar ou não podem acompanhar a Santa Missa às segundas-feiras, concedeu-lhes que poderiam aplicar ao mesmo fim a Missa do Domingo. E para aqueles fiéis que ainda não comungam ou são impedidos de comungar, poderá a oferta ser comutada em outra obra de piedade pelos confessores autorizados pelo Ordinário local.
Adverte-se,
ainda, que, embora esse Ato heroico de caridade seja chamado em alguns
opúsculos de “Voto heroico de caridade” e venha acompanhado de uma
fórmula escrita, não se deve entender este “voto” como feito em modo que
obrigue “sob pecado”; também não é necessário pronunciar qualquer
fórmula, bastando, para ser partícipes das Indulgências e privilégios
indicados, a obrigação feita com o coração.
Fonte:
segunda-feira, 14 de dezembro de 2015
Resposta a uma pergunta acerca da possibilidade de milagres fora da Igreja
Caríssimo Sr. XXX:
Responder-lhe-ei por
partes.
1)
Leia-se, antes de tudo, o dito por Santo Tomás de Aquino em Quaestiones Disputatae de Potentia Dei, q. 6, a. 5.
“Objeção 5. Lê-se nas
histórias (referidas por Agostinho em A
Cidade de Deus, X, 26) que uma vestal virgem, para mostrar que conservara
seu pudor, carrega água do Tibre num vaso furado, e todavia a água não escorre;
o que não se pôde fazer senão porque a água era impedida de escorrer por um poder
que não era natural; o que na divisão das águas do Jordão e em sua detenção é
claramente um milagre. Por isso parece que os demônios podem fazer milagres.
Resposta de Santo Tomás. 5. Não está excluído que seja
para recomendar a castidade que o verdadeiro Deus tenha feito por seus bons anjos
um milagre desse gênero, retendo a água, porque, se havia alguns bens entre os
pagãos, tinham vindo de Deus. Mas, se isso fosse feito pelos demônios, tal não
se opõe ao que foi dito. Pois deter ou ser movido localmente depende de um mesmo
princípio em gênero, porque o que é movido para um lugar se detém por tal
natureza. É por isso que, assim como os demônios podem mover os corpos
localmente, assim também podem retê-los por movimento. E no entanto isso não é
um milagre, como quando feito divinamente, porque, segundo o poder natural do demônio,
pode chegar-se a tal efeito.”
2)
Em resumo, diz aí o nosso Santo duas coisas: uma, que os demônios podem fazer
coisas que se assemelham a milagres mas não o são; outra, que Deus, pelo
ministério dos anjos, podia fazer milagres entre os pagãos (ou seja, não apenas
entre o povo eleito), assim como, embora ordinariamente a salvação das almas se
desse entre os judeus, também se dava, extraordinariamente, entre os pagãos,
como sempre disseram nossos Doutores. Santo Agostinho, por exemplo, pensava que
Cícero se teria salvado, o que se provaria pelo que disse antes de morrer: “Causa causarum, miserere mei” (Causa
das causas, tem misericórdia de mim).
3)
Ademais, como diz o sacerdote que lhe escreveu, parece que “se encontram alguns casos de milagre entre os
ortodoxos, por exemplo para testemunhar a verdade do Novo Testamento diante de
um judeu” – o que de algum modo concorre para o bem da Igreja. – Aliás, todos
os que se salvaram antes de Cristo (judeus ou pagãos) não o fizeram senão em
ordem a Cristo, que é o eixo dos tempos. E os que extraordinariamente se salvam fora da Igreja
depois de Cristo (o que é afirmado, entre outros, pelo Concílio de Trento)
tornam-se da Igreja no ato mesmo em que são salvos, razão por que não há
contradição com o axioma “fora da Igreja não há salvação”.
4) Mas a melhor passagem de Santo Tomás de Aquino para entender o assunto ainda me parece a da Suma Teológica, II-II, q. 178, a. 2 (“Se
os maus podem fazer milagres”), ad 3: “Por isso, os maus que ensinam falsas doutrinas
[ou seja, os heréticos] não poderiam jamais fazer
verdadeiros milagres para confirmar seu ensinamento, embora, às vezes, possam
fazê-los em nome de Cristo, que eles invocam, e pela virtude dos sacramentos
que administram”. E isso, que, como dito, sempre será extraordinário, Deus não
o faz senão por algum bem, ou imediatamente da Igreja, ou porque se destina a
cumprir a predestinação de quem atualmente não está no seio da Igreja, ou por
qualquer outra razão que esteja entre os ocultos desígnios de Deus.
5) E, salvo engano, nunca nenhum Doutor nem, muito mais
importante, nenhum documento do magistério infalível disse que absolutamente não poderia
haver milagres fora da Igreja. E isso não fere de modo algum o princípio da
contradição: assim como o que estando fora da Igreja se salva e entra neste
mesmo momento para a Igreja, assim também um milagre fora da Igreja serviria de
algum modo a ajudar a cumprir a salvação de algum eleito, que, insista-se, salvo
pela graça da perseverança final, entra no momento mesmo da morte
para a Igreja.
6) Ademais, a Igreja conciliar, ainda
que por jurisdição precária (tese que desenvolverei oportunamente), ainda é
parte da Igreja, conquanto se trate de parte tênue. Explico-o. Como dizia Pio
XII, um assassino já perdeu por seu mesmo ato o direito à vida e à cidadania.
Mas, digo, é preciso que o estado o julgue, lhe retire a cidadania e o condene
à morte. Enquanto não o faz, tal assassino continua com a vida e a
cidadania, ainda que só de certo modo, ou seja, em estado precário. Pois é,
analogamente, o que me parece se passa com a Igreja conciliar: já perdeu ipso facto,
por heresia, a jurisdição;
mas ainda a preserva precariamente, por falta do devido julgamento, tudo
o que pode concluir-se do dito no Código de 17. – Mas também me parece
válida a
analogia do Padre Álvaro Calderón: só se pode chamar católica à
hierarquia conciliar de modo análogo a como um câncer pode dizer-se de
quem o porta e padece.
7) Quanto pois a se é possível que
Deus faça algum milagre por alguém da Igreja conciliar, parece que sim, ainda que sempre
extraordinariamente. Reveja-se o dito por Santo Tomás: os heréticos podem fazer
milagres “em nome de Cristo, que eles invocam, e pela virtude dos sacramentos
que administram”. Apliquemos o dito ao caso da Igreja conciliar.
a) Quase todos invocam de algum modo o nome de Cristo.
b)
Seus sacramentos, porém, suscitam dúvidas graves quanto à sua validade; mas
tampouco pode dizer-se que sejam todos ou sempre inválidos. Trata-se de questão disputada – e árdua. Necessitaríamos de um papa
para decidi-la infalivelmente. Mas ao
menos por ora isto parece impossível.
c) Ademais, como diz o sacerdote que
lhe escreveu, amiúde os milagres que os conciliares anunciam são falsos.
8) Por isso, e porque em último termo quem decide da
veracidade ou da falsidade de um milagre é o magistério infalível, que hoje não
temos, é que parece mais prudente que nos calemos diante de eventos de
aparência miraculosa realizados em ambiente conciliar (a não ser, naturalmente,
que se tenha prova em contrário).
Uma última objeção. Escreve o Papa São Gregório Magno em suas Morais: “Por isto a Igreja despreza os milagres dos hereges, porque não reconhece neles coisa alguma de santidade” (20, 9).
Resposta. Desprezar não implica, necessariamente, negar a realidade. Por isso mesmo é que, pouco antes do citado acima, escreve ainda o Santo Papa: “Mas às vezes os hereges também realizam sinais e milagres, a fim, porém, de que eles por isso possam receber as recompensas de sua correção e abstinência [...]”. – Ademais, também Santo Tomás diz, no referido artigo da Suma, que nenhum milagre operado mediante um mau católico ou mediante um herético é prova de sua santidade.
Uma última objeção. Escreve o Papa São Gregório Magno em suas Morais: “Por isto a Igreja despreza os milagres dos hereges, porque não reconhece neles coisa alguma de santidade” (20, 9).
Resposta. Desprezar não implica, necessariamente, negar a realidade. Por isso mesmo é que, pouco antes do citado acima, escreve ainda o Santo Papa: “Mas às vezes os hereges também realizam sinais e milagres, a fim, porém, de que eles por isso possam receber as recompensas de sua correção e abstinência [...]”. – Ademais, também Santo Tomás diz, no referido artigo da Suma, que nenhum milagre operado mediante um mau católico ou mediante um herético é prova de sua santidade.
Espero tê-lo
ajudado.
Em comunhão
de orações,
C. N.
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